Nome já tradicional do black metal gaúcho, entrei em contato com o Torches of Nero pelo Instagram por causa da divulgação da turnê Pro Xristou over Brazil. São eles que farão o show de abertura para o Rotting Christ em Curitiba, realizando um propósito expresso numa entrevista de 2022, quando a banda afirmou que se pudesse escolher qualquer banda para acompanhar numa turnê, escolheria justamente o Rotting Christ. E eis que o destino cumpriu seus desejos!
Para fazer essa postagem, conversei com o vocalista Baal Seth Penitent que respondeu a três perguntas sobre as expectativas para o show ao lado desse grande nome do black metal grego. Confira a seguir:
Como vocês estão equilibrando a pressão e a adrenalina de abrir para uma banda lendária como o Rotting Christ, especialmente em um cenário fora do Rio Grande do Sul?
Juliana antes de tudo gostaria de agradecer ao teu interesse e ao Curitiba Metal pelo interesse e pela oportunidade! Parabéns pelo trabalho!
A pressão maior é comigo mesmo, honestamente acho que gosto dessa pressão, é o que mantém uma banda viva. Acho que como somos inspirados pelo Venom em primeiro lugar, temos essa condição, essa necessidade de tocarmos ao vivo eventualmente, sob as condições adequadas, em locais que admiramos, com bandas que nos representam e com as quais dividimos os sentimentos.
É nesse momento que se separam as bandas que colocam a sua mensagem à prova. Existe uma perspectiva de bandas que não desejam tocar ao vivo por razões diversas mas que não condiz de forma alguma com a nossa.
Dito isso, tocar com o Rotting Christ é a realização de um sonho de banger. Acho que a adrenalina de todos nós está principalmente nisso, de conseguir conhecer, tocarmos juntos com eles em um local histórico do metal nacional, de onde saíram Amen Corner e Murder Rape, duas das maiores bandas do black metal nacional e certamente influência de todos nós e influência da Torches of Nero com um todo.
Curitiba é um dos berços do black metal nacional tendo recebido talvez o festival mais extremo da história do black metal nacional – Fuck the Bastard Child há uns 20 e poucos anos, então é para nós uma honra tão grande quanto abrir para o Rotting Christ tocar nessa cidade.
Só esperar que o pessoal compareça e veja uma das maiores apresentações de black metal já feitas uma banda underground. Faremos história todos juntos, o público e as bandas.
Que elementos da estética ou sonoridade do Rotting Christ vocês consideram mais inspiradores para o trabalho do Torches of Nero, e como isso se reflete na construção de suas performances ao vivo?
Acho que a sonoridade dos primeiros discos e certamente o aspecto de Culto do Black Metal Grego estão presentes em vários momentos da nossa produção não tão extensa. Procurar mesclar esses elementos com a sonoridade mais caótica do metal extremo, Mayhem até o De Mysteriis, Sadistik Exekution, Profanatica, Von, Impaled Nazarene, brasileiras mais extremas dos 80 entre tantas outras influências que poderiam ser citadas é uma tarefa árdua. Talvez os mais fácil fosse escolher um estilo e compormos somente vinculados a esse estilo, no entanto, apesar de ter sido o mote inicial, foi descartado em função de uma total liberdade de ação, composição, sem vínculo a dogma algum. O único compromisso que temos é conosco e com a escuridão que nos leva adiante.
E essa escuridão vem através de uma mensagem ácida, satírica, corrosiva que busca mostrar o que pensamos acerca das religiões do deserto. A estética serve à mensagem. E mensagem é o centro de tudo, ela não muda a despeito da forma como vá ser executada possa mudar.
Isso ficará ainda mais nítido no próximo dia 11 de fevereiro no Tork’n’roll.
Além da exposição, como essa oportunidade em Curitiba pode impactar a trajetória da banda no cenário underground brasileiro? Vocês veem isso como um marco para projetos futuros ou colaborações?
Partindo do princípio que é um grande passo, acredito que nos é permitido sonhar com outras oportunidades como essa no futuro.
Talvez o mais adequado seja pensar: “ok até aqui viemos, a seguir trabalhando”. Seria muito interessante que outras pessoas pudessem conhecer a Torches of Nero, adquirir nosso material e assim recebermos outras oportunidades.
Contudo, estamos no Brasil e historicamente aqui as coisas são mais difíceis. Então, veremos. Uma esperança a ser frustrada de cada vez.
Vamos aproveitar o Rotting Christ e dar aos que comparecerem um grande show. Essa é a única certeza posta.

Muito obrigada Baal Seth Penitent e Torches of Nero pela atenção e disponibilidade em responder a essa mini entrevista. E a você, leitor, fica o aviso: Rotting Christ + Torches of Nero no Tork’n’Roll será imperdível!
Serviço:
🗓️ 11/02 — Rotting Christ, com abertura de Torches of Nero
📍 Tork’n’Roll (Av. Marechal Floriano Peixoto 1695 — Curitiba-PR)
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