Domingo dia 16 de fevereiro foi um dia bom e ruim pros metaleiros de plantão aqui em Curitiba. Isso porque aconteceram simultaneamente três shows que pareciam todos incríveis, mas só é possível estar em um lugar de cada vez. Acabei deixando para ver Atrocitus e Ethel Hunter numa próxima vez, e escolhi ir ao Camaleão Cultural para a SPUNK Stoner Session, que trouxe shows de quatro bandas: Lodö, Mono Histeria, Cassandra e Pantanum.

Cheguei na rua São Francisco acompanhada de um amigo, e percebi que a quadra onde fica o Camaleão Cultural se encontrava interditada para a realização de uma edição aberta da festa Fui Pará, que é uma festa de discotecagem de brega paraense. A rua estava decorada com bandeira do Pará e a mesa do DJ ficava bem no meio da rua, em volta da qual uma multidão suada dançava e cantava os maiores sucessos do techno melody. Pessoalmente, acho o cenário cultural da musica paraense muito interessante, especialmente essa cena que se formou tão longe, aqui no estado do Paraná. Dancei um pouco, suei muito, mas, bem de verdade, aquele caos todo me deixou um pouco irritada. O som era caracteristicamente estridente e as músicas, tão iguais umas às outras, que tudo parecia uma grande música contínua.

Em meio à miríade carnavalesca paraense, era possível identificar algumas pessoas vestido preto e coturnos. Inclusive um ambulante, identificado por colete da prefeitura, vestia por baixo uma camiseta do Sarcófago. Demorei um pouco até encontrar minha amiga, e após uma cerveja ali mesmo nos ambulantes decidimos entrar no Camaleão, torcendo para que o isolamento acústico da casa desse conta de isolar a barulheira de fora. Se não desse, teria sido uma noite de Stoner Brega.

A primeira banda a subir ao palco foi o Lodö, que entregou uma performance vigorosa, com excelente instrumental e vocais muito próximos das bandas brasileiras de punk rock dos anos 90. O calor dentro da casa era grande, mas o alívio de sair do caos da rua certamente era maior. Quando o show acabou não dava para voltar para fora para fumar, porque a rua estava ainda mais cheia do que antes. Felizmente o Camaleão tem uma área de fumantes na parte de cima, onde todo mundo se encontrava para reclamar do calor.

Eu estava bastante curiosa para ver o show do Mono Histeria. A banda trouxe um stoner metal competente, com destaque para a bateria (muito foda!!). Assim como o Lodö, as músicas do Mono Histeria também eram cantadas em português, mas não consegui entender as letras muito bem. Não sei se era a grande quantidade de distorções usadas no vocal, ou se eu simplesmente não consegui prestar atenção suficiente, já que estava tentando sobreviver naquele forno fazer vídeos para atualizar o Instagram do Curitiba Metal.

O stoner rock/metal e seu congênere, o sludge, são característicos pelo uso imoderado de distorções nos vocais e instrumentos. O duo Cassandra, que é composto apenas por bateria e baixo, confia nessas distorções para produzir sonoridades bastante distintas a partir de um mesmo instrumento, e tem como resultado o som pesado e arrastado do baixo entrecortado pela poderosa bateria da Karina D’Alessandre. Já fazia alguns anos que eu não via Cassandra, e fiquei super contente de poder vê-los outra vez acompanhados pelo Pantanum. Nesse show, o que mais me chamou a atenção foi a casa cheia de gente reunida pra curtir sludge. Inesperado e muito massa!! Fiz alguns stories do show e do povo curtindo que devo subir pro youtube e postar aqui.

Já passava das 22h quando o Pantanum subiu ao palco. A banda deu uma sumida no período da pandemia e agora está voltando aos poucos, soube que no ano passado eles fizeram show num evento da Zoom Discos. O trio curitibano é criativo e pra lá de competente, foi o show perfeito para encerrar essa noite em que todo mundo quase morreu de calor. Quando saímos de dentro do Camaleão, a rua ainda estava bastante movimentada, mas, felizmente, bem menos cheia que horas antes. Ainda encontrei uma amiga que estava peregrinando nos blocos de carnaval, e trocamos algumas palavras antes que cada um chamasse seu Uber para ir embora. Na verdade, o preço alto da corrida ainda fez a gente esticar a noite mais um tanto, tomando uma saideira aqui e outra ali até que os preços voltassem ao normal.

Sabe, ultimamente eu tenho sentido o peso da idade quando saio assim à noite. Não é nem pela ressaca, essa, felizmente, não tem dado as caras, mas no dia seguinte me sinto super esgotada, como se tivesse corrido uma maratona no lugar de apenas curtir um show. To quase comprando um banquinho dobrável para levar para o rolê.

…ou será que está na hora de desacelerar? 👀

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