Tenho sentido falta de mexer nessa pesquisa dos shows de metal, mas a programação cultural na cidade também não tem cooperado com essa minha iniciativa pseudo-acadêmica. Há uns 15 dias aconteceu um show da banda de death metal Ethel Hunter que teve divulgação nula. A tal ponto, que um amigo soube do show e me avisou pouco antes dele acontecer. Contudo, eu já estava noutro rolê e acabei não indo.
Minto, para não dizer que não fui, parei no Janaíno Vegan do Largo da Ordem para comer e peguei o finalzinho da última música. Fiquei lá tempo suficiente para matar a fome e dar oi para alguns conhecidos. O Janaíno Vegan é um bar que tem duas unidades, uma relativamente próxima da outra. Uma delas, na rua São Francisco, recebe com regularidade eventos goticos de discotecagem, o que me leva a crer que ele não tenha alvará para música ao vivo. O outro Janaíno, mais para cima, no Largo, tem programações musicais variadas, que vão de forró a death metal. O lugar recebeu alguns shows que não consegui ver como esse do Ethel Hunter e do Cassandra.
Acho muito legais as iniciativas do Janaíno Vegan porque elas têm algo de guerrilha: o bar recebe programações variadas para manter o fluxo de público, mas ainda assim guarda um espaço para som extremo autoral. A moça dona do Janaíno — eu só a conheço de vista — mantém esse espaço porque acredita de verdade nas bandas e na cena alternativa local, e, por isso, merece todo reconhecimento.
Mas o fato de não haver muitos shows de metal acontecendo em Curitiba, não quer dizer que esses shows não estejam acontecendo noutros lugares. O fato é que não temos aqui na cidade um bar ou uma produtora interessada em trazer essa categoria de eventos para cá, por isso temos que contar com o bom coração da Necrovoid (de SC), da M.A.D. (do RS) ou da Xaninho (do PA) em parar por aqui no caminho entre os shows em São Paulo e em Santa Catarina.
Falando em Santa Catarina, o Asagraum, banda de black metal da Holanda formada apenas por mulheres, vai tocar em Florianópolis no começo de outubro. Assisti um show delas pelo YouTube e fiquei muito impressionada, o som delas é bem cru e muito acelerado, me lembrou algo até de Marduk.
Achei curioso que as datas da banda no Brasil incluam apresentações apenas em São Paulo e Florianópolis, pois essa última cidade não costuma ser uma referência quando se trata de shows de black metal. De qualquer forma, fiquei interessada em ver esse show e estou considerando tentar fazer o credenciamento de imprensa aberto pela M.A.D. Produtora e contratar uma excursão para ir e voltar do show. Estou certa de que essa será uma experiência antropologicamente rica para narrar nesse diário.
Por outro lado…
Bem, por outro lado temos a questão do vil metal (sim, foi um trocadilho). Tive de trocar meu Mac por um novo por causa do trabalho, e, por isso, minhas viagens para shows ficarão limitadas por alguns meses. Sinuca de bico, essa. Precisar de um computador novo para pesquisar, mas, por causa disso, ter que interromper uma das pesquisas. Pesquisar com bolsa sempre foi muito difícil, mas pesquisar com recursos próprios está sendo uma aventura. Se eu conhecesse alguém na Comunicação ou na Música na UFPR poderia tentar levar essa pesquisa dos shows de metal para um pós-doc e, quem sabe assim, estruturar melhor essa minha ideia de investigar as bandas e o público do metal extremo em Curitiba.
Outra sugestão que alguns amigos deram consiste em transformar esse diário de campo em um blog, com reviews de discos, divulgação de eventos e outros conteúdos do gênero (só não sei bem quais). A pergunta é: Alguém lê blog? Ainda existe WordPress? Eu estou por fora há tanto tempo… e não levo jeito nenhum para blogueirinha de Instagram e TikTok. Acho que essa alternativa não seria suficiente para monetizar o projeto, mas, ao menos abriria espaço para credenciamentos como veículo de imprensa, o que também não é nada mau.
O fato é que preciso dar um destino para esse projeto de pesquisa com metas tangíveis de produção de conteúdo, no caso, as crônicas, e perspectivas de publicação na forma de artigos acadêmicos e capítulos de livros. Manter um blog ajudaria nisso? Essa é a questão que preciso responder.
De resto, segue a programação de shows na cidade para os próximos meses:
- 25/10: Napalm Death com Ratos de Porão, Krisiun, Manger Cadavre? e Ethel Hunter no CWB Hall;
- 19/11: Crypta com Inelement (ARG), Tellus Terror e Royal Rage no Tork’n’roll;
- 23/11: Necrocamping Warm Up com Spiritual Hate, Wolflust, Mørk Wisdom, Losna e Malice Garden no Basement Cultural;
- 24/11: Necrocamping Warm Up com Amen Corner, Profane Souls, Luciferiano, DeathChaos e Dismal Foresight no Basement Cultural;
- 13/12: Blood Red Throne, Luxúria de Lilith, Grave Desecrator e Volkmort no Basement Cultural.
Já que a seca de shows vai se estender até o final de outubro, devo aproveitar esse tempo sem trabalho de campo para ver se consigo ingressos para os shows do Satyricon e Katatonia em SP em novembro. Se tudo der certo, será um mês bastante agitado 🙂
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