EEEEEE! Cheguei em casa sã e cansada depois de dois dias de carnaval e resolvi escrever antes que as observações de hoje me escapem à mente.

Por um milagre, Blood Rock Bar teve uma noite de bandas autorais. Blood é um bar que fica num casarão antigo nas imediações do centro histórico de Curitiba. Toda vez que vou lá minha mãe insiste em lembrar que nos anos 90 naquele lugar funcionou uma pizzaria chamada D’Artagnan.

Quando comecei a frequentar o casarão que hoje atende por Blood, lá existia um bar de rock chamado Porão 88. Isso foi nos idos de 2004 quando lá acontecia uma festa gótica chamada Bio Dementia. Mais de vinte anos depois a Bio Dementia ainda existe e os organizadores da festa hoje são proprietários do local. Para mim existe uma memória afetiva daquele porão de tijolos que, antes escuro e abafado, hoje conta com ar condicionado para uma existência decente em meio ao apocalipse climático.

Blood é um bar de bandas cover. Lá toca cover de qualquer coisa – de Avril Lavigne a Cradle of Filth – e como eu não gosto de nada cover quase nunca vou lá. A exceção é quando o bar abre espaço para bandas autorais, o que costuma acontecer com entrada gratuita, mediante retirada de convites diretamente com as bandas.

O público do Blood é um misto de adolescentes e divorciados, e a proporção otimista de 70%-30% em relação a homens e mulheres costuma se preservar no local. Quando cheguei lá observei um misto bizarro de jovens de corpse paint e de cosplay, prováveis frequentadores da Zombie Walk que acontecera no mesmo dia mais cedo. Acho realmente que objetivo da juventude é ser ridícula se arriscar e, por conseguinte, incentivo muito essas práticas. Fomos, afinal, todos jovens em algum momento.

A casa abriria às 16h, e quando cheguei lá, pouco após às 19h o lugar ainda não estava cheio. Ethel Hunter, a segunda banda do line-up, já enveredava pela segunda metade de seu setlist quando cheguei para ~saborear~ um pouquinho de seu brutal death metal. Minha queixa com relação ao som (sempre, né) é que não dava pra ouvir o baixo muito bem, a não ser quando o baixista sentava a mão.

Seis bandas compunham o line-up e, dessas, vi apenas três. Além do Ethel Hunter, eu estava ansiosa por ver Humanal, banda pela qual nutria expectativas que foram prontamente superadas. Humanal se apresenta como uma banda de ~groove metal~, gênero o qual eu, honestamente, desconhecia e, portanto, não sabia muito bem o que esperar. Os pontos altos da banda, na minha opinião, foram o vocal e a bateria, mas o baixo também era muito bom. A vocalista, Tati Klingel, tem uma showmanship invejável e uma técnica vocal que a permite transitar entre o fry e o vocal limpo com uma fluidez incomum. É fato que o som perdia intensidade nos vocais limpos, mas, no geral, a qualidade do som se mostrava melhor que no show de Ethel Hunter. O público também foi o mais volumoso da noite na apresentação de Humanal, foi quando a casa pareceu o mais cheia na noite.

A banda que encerrou a noite foi Atrocitus, e é curioso como em todo show do Atrocitus me pego peguntando “é thrash? é death?” e nunca consigo uma resposta. É meio thrash, meio death, meio grind com letras em português sobre questões e dilemas reais do cotidiano. Para mim, foi muito legal quando Atrocitus convidou Tati Klingel ao palco para uma música chamada Ansiedade. O comando de palco da gata fez toda a diferença na formação de um mosh em que me posicionei estrategicamente atrás de um cara muito grande. O show foi foda e encerrou a noite com a energia lá em cima, apesar da casa já ter esvaziado consideravelmente na altura do último show.

O rolê começou cedo e terminou cedo, o que costumo valorizar enormemente. Mas é carnaval e estive gravando meu segundo episódio no podcast Gimito, o que me atrasou um pouco para os shows. Gostaria de estar mais animada com o carnaval mas sinto que não será dessa vez que sairei pulando na rua coberta de glitter. Tendo Humanal como referência aprendi que ~groove metal~ é algo entre o thrash e o nu metal com um baixo groovadão. Certamente foi essa banda o ponto alto da minha noite, que terminou encostada no Empada com Birita checando a lista do Oscar.

Aliviada por terminar esse texto, devo dedicar os próximos dias a reler minha dissertação e retomar o tema de pesquisa tantos anos depois para um congresso. Não, eu nunca paro de escrever.

Nos vemos na próxima semana com o CWB Hell!

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